quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A serviço da mediunidade

A seara mediúnica é largo e expressivo campo a trabalhar, exigindo cuidados especiais e acurada dedicação.

As dificuldades a vencer, desafiadoras, não são poucas, impondo valiosos investimentos da paciência, no exame crítico da sincera análise dos resultados obtidos.

Abstraindo-se os casos de mistificação consciente e irresponsável, que podem e devem ser enquadrados como desarranjos do comportamento moral, há sempre os desavisos e distonias, os problemas da filtragem psíquica e, principalmente, as delicadas colocações da identidade dos Espíritos.

Não sendo o médium senão um Espírito encarnado, em processo de conquista de valores morais e intelectivos, as comunicações de que se torna objeto quase sempre estão em correspondência com a sua própria capacidade, tendo-se em vista a questão da sintonia.

A mediunidade exige esforço, conhecimento, realização, perseverança, a fim de se poderem colher resultados opimos.
Cresça o médium e mais amplas serão as suas possibilidades de registro, de influenciarão, interessando aos Espíritos Superiores o intercâmbio para o qual se coloca espontaneamente.

Nenhum programa de violência por parte dos desencarnados devem esperar os candidatos ao exercício da mediunidade, senão quando provocados pela insensatez ou perversidade daqueles com os quais sincroniza.

Aprimore-se o servidor e mais fáceis ser-lhe-ão as tarefas a executar.

Afastando-se o fantasma do animismo, que tem mutilado admiráveis servidores da mediunidade, que se sentem atormentados pelo receio da fraude inconsciente, surge a difícil colocação da mediunidade lúcida, passível, sem dúvida, de equívocos.

A continuidade, no entanto, dos esforços no exercício da faculdade latentes em todas as criaturas consegue facultar uma superação do aparente prejuízo, em decorrência da facilidade com que o médium, conhecendo as leis dos fluidos, identificará se se trata de uma comunicação anímica ou de Entidades Espirituais.

Muitos gostariam de lograr transmitir dados que identifiquem os comunicantes de modo irrefutável, e assinalam que a lucidez mental perturba-os, impedindo-os de localizar corretamente nomes, datas, detalhes informativos que bem caracterizem as mensagens de que se fazem instrumento.

Ainda aí, o próprio contínuo exercício da faculdade torna maleável o médium, que logra anular a própria personalidade enquanto assomado pela que lhe interfere psiquicamente...

Toda esta problemática pode ser amenizada e até superada por meio de uma perfeita sintonia e, paralelamente, através da conquista dos valores íntimos, da concentração, do equilíbrio, da paz.

A mente em repouso reflete com eficiência as imagens que se lhe projetam.

Neste capítulo, não se descurem os servidores da mediunidade do exame das comunicações retumbantes, anunciadoras de acontecimentos futuros, recheadas de dados tendentes a uma reformulação dos conceitos vigentes da Ciência e que, para melhor impressionarem, trazem firmas de personalidades célebres, de outras que se santificaram, dos Evangelistas e até mesmo do Mestre Galileu...

Examinadas sob criteriosa lógica, não resistem essas mensagens ao bisturi do bom senso, em face da trivialidade, da insensatez e até mesmo do ridículo de que se revestem, traduzindo a intenção irresponsável e infeliz dos frívolos desencarnados, que se utilizam da vaidade dos que os aceitam, a fim de confundirem e amesquinharem com intentos perturbadores.

Não tem maior importância o nome que subscreve uma página mediúnica e sim o conteúdo de que a mesma é portadora.

A mensagem sadia deve sempre colimar o progresso moral da criatura humna, conclamando de forma simples e clara ao auto-aprimoramento e à conquista dos bens espirituais.

Em face da necessidade, às vezes, de uma averiguação de identidade, é imprescindível, quando se trata de personalidades conhecidas, o cotejo do estila, da forma, sem nunca perder-se de vista o conteúdo que deve primar pela qualidade e intencionalidade positiva, objetivando esclarecer, amparar, promover o homem.

É certo que a morte deveste as criaturas dos atavios com que se apresentavam.

Muitos conceitos, hábitos e características que constituíam bens e valores perdem o significado, não mais importando-se os Espíritos por preservá-los, conforme o faziam anteriormente.

Desse modo, em retornando do Mundo Espiritual, alteram-se os caracteres e o modo de se expressarem, seja na literatura, na música, na pintura, na poesia, o que constitui, de certo modo, impedimento para os críticos rigorosos aceitarem-nos.

Já não têm os Espíritos esse tipo de preocupação, esse interesse pela glória terrena...

Mesmo no corpo físico, o fenômeno é equivalente.

Uma pessoa que se transfere de um para outro centro cultural, onde os valores são diversos e outros os hábitos, após uma temporada de largos anos assimilando os novos condicionamentos, ao volver ao local de origem, apresentar-se-á diferente de quando partiu.

Só uma convivência mais próxima com alguém que o conheceu fá-lo-á desvelado.

A nossa questão vincula-se ao cuidado, ao pudor que deve assinalar o médium que, de momento, seja atirado ao redemoinho das comunicações de efeito retumbante, que o bom senso espírito repele, impedindo-se a vaidade – ponte pênsil de acesso à obsessão por fascinação -, que tem levado à queda, ao desequilíbrio e à alucinação os que transitam por esse espaço livre e perigoso.

A humildade real, sem os disparates do fingimento, e a prece ungida de ardor, no trabalho da caridade ao próximo, mediante atos sacrificais e abnegação, constituem, por um lado, a terapêutica curadora e, por outro, a preventiva, a fim de que as futuras florações do bem venham a produzir em abundância, tornando a seara da mediunidade um campo de paz e de esperança com trabalho libertador para todos.



Espírito: Vianna de Carvalho
Médium: Divaldo P. Franco – Enfoques Espíritas.

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